O minuto de silêncio é uma imensidão sem tempo
Tempo que para para si no vazio,
esvaziado, mas cheio de dúvidas
Pesado
Aperta o peito ansioso por respostas e
quanto menos as têm, maior a angústia
Quer ser salvo,
mas lembra que está só
– de novo.
O minuto de silêncio o engole vivo numa eternidade que perdura dias,
por vezes anos
Definha a alma
Apaga a luz e o brilho
– já não sorri como antigamente.
O mundo parece rir da sua cara
Deprimente
Ninguém ouve o seu suspiro final,
agem como mais um dia de carnaval.
…
Respira
Puxa o ar fundo e lembra da vida
– que não quer mais lembrar
Pesa
Lhe falta ar
Não tem as respostas que gostaria de ter,
carrega mais dúvidas do que elas.
No silêncio, questiona um futuro que nem sabe se virá a ter
Tão suscetível a perdê-la…
Frágil
Invisível
Vulnerável…
Poucos o veem.
Num último suspiro,
clama por mais ar
Não o seu, do vácuo gelado do seu quarto
Quer o ar daqueles que riem lá fora…
parecem curados,
invencíveis.
– Irremediáveis.
Ali dentro,
num silêncio ensurdecedor,
esvaziado de sentido, quando muito há
apaga a luz em ar
O breu lhe sufoca, mas também o conforta
não precisa mais lutar
É como sentir sede ao mar
Tanta abundância de vida lá fora
e a ausência dela aqui dentro.
Suspira de novo
pela esperança ou pelo cansaço,
tanto faz, já não importa
A abundância do que lhe alimentava a alma já não lhe faz falta
…e a deixa ir
No silêncio se despede, sem ninguém para lhe ouvir.
Crédito da Foto: Pexels/Erkan Utu