escrito por Déa Aguiar, em 30/08/2020

Oi, pai.

Hoje soubemos que você não reagindo bem. Amanhã é segunda feira, dia de te ver com a psicóloga, por vídeo. Confesso que já não sei o que te dizer nesses encontros.

Você não me vê, mas às vezes eu fecho os olhos e falo, falo… imagino que está sorrindo pra mim. Que em algum momento irá me chamar de filhinha. Que vai xingar alguém. Que vai voltar de onde está, enfim..Não estou conseguindo dormir, com medo do telefone tocar. Com medo de não ter a visita de amanhã, de ver estraçalhada a réstia de esperança que, teimosa, guardo aqui dentro.

Hoje falei pro médico que posso te doar um rim. A Raquelzinha também faria isso por você. Mas o médico só me disse que sente muito pela gravidade da situação. Só podemos esperar.

Esperar. Esperar. E esperar.

Pelo que? Já nem sei. Que tudo isso passe? Que fique tudo bem? Palavras genéricas que não satisfazem o vazio que me consome.

Como vai ser, pai? Você sempre me dizia que “nós vamos dar um jeito”. Mas e agora?

Volta, paizinho. Se você puder. Isso é tudo o que quero esperar.

Te amo. Pra sempre e de montão, como você diz.

Texto e imagem reproduzidos com autorização da autora e publicados originalmente em https://www.facebook.com/adonadeaa.

Postado por Dayana

set 10, 2020 , ,

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