Escrito por Déa Aguiar, em 24/08/2020.

O celular, que há pouco tempo ficava sempre no modo “não perturbar”, por causa do sono do bebê, agora não fica silenciado – nem por um instante. É vigiado constantemente e o ouvimos tocar de forma imaginária; a ansiedade nos prega peças.

O toque ecoa pela casa. A família está reunida e a casa fica em silêncio: número privado. Sabemos que é da UTI.

Enquanto a médica, do lado de lá, se identifica, sinto cada batida do meu coração. Respiro fundo. Procuro passar um tom maduro e tranquilo para o outro lado da linha, enquanto ouço o boletim médico da “dona Déa e do Seu Luiz “. Ela fala, fala, fala… Então me pergunta: alguma dúvida?

Você pode, por favor, devolver meus pais? Quando poderemos almoçar juntos? As meninas pintaram os cabelos, queria que meu pai visse. O que você acha que ele irá dizer? Vai rir, com certeza. Falta muito, doutora… quando essa dor terá fim?

Sei que ela não pode dar tais respostas e, como foi clara em tudo o que explicou, apenas respondo que não, tudo bem – continuaremos a esperar.

Todo o possível está sendo feito, Déa. Estamos dando nosso melhor aos seus pais.

É verdade. Mas também é fato que, talvez, isso não seja suficiente. E dói.

Privados de sono e de certezas, continuamos aguardando, ansiosamente, pelo chamado do número privado e um novo boletim médico – com esperança de boas notícias.

Imagem e texto publicados originariamente em https://www.facebook.com/adonadeaa e reproduzidos com autorização da autora.

Postado por Dayana

ago 24, 2020 , , ,

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